Ao longo da história humana, desenvolveram-se inúmeros modos às quais as
pessoas podem se interagir de forma virtual; e essa é uma palavra utilizada,
muitas vezes para ignorar as relações às quais ocorrem nesse espaço
tecnológico, é utilizada para transformar esse relacionar-se de forma como se
não fosse uma relação original entre indivíduos, e no campo educacional deve
favorecer essa reflexão e, apesar de seu paradigma original, sair de uma
perspectiva simplista para, através de um novo processo educacional,
utilizar-se das tecnologias para a fomentação de indivíduos autônomos e a
democratização do ensino.
Porém toda relação é a construção de hipertextos de seres relacionais as
quais, ainda que de modo distantes fisicamente, podem se relacionar através de
ferramentas tecnológicas, sendo que a informática não é a primeira delas, mas a
que está em vigor na atualidade. Antes dela ocorreram outras diferentes formas
de se relacionar virtualmente, tais como correspondências, telégrafos, telefones
e etc. (LEVY, 2011, p.p.: 19).
Cada inovação tecnológica, cada qual em a seu modo teve alguma influência
na estrutura educacional, trouxeram impactos à forma pela qual a humanidade se
narra e conhece a sua realidade e na educação ocorre o conflito entre o antigo
e o novo; e ignorar isso seria não perceber o porquê da origem da recusa das
tecnologias na educação. Tal como salienta a filósofa Hannah Arendt:
O problema da educação no mundo moderno está no fato de, por sua
natureza, não poder abrir mão nem da autoridade, nem da tradição, e ser
obrigada, apesar disso, a caminhar em um mundo que não é estruturado nem
tampouco mantido coeso pela tradição. [...] Dado que o mundo é velho, sempre
mais que elas mesmas [as crianças], a aprendizagem volta-se inevitavelmente
para o passado. [...] A educação é, também, onde decidimos se amamos nossas
crianças o bastante para não expulsá-las de nosso mundo e abandoná-las a seu
próprio recurso, tampouco arrancar de suas mãos a oportunidade de empreender
alguma coisa nova e imprevista para nós, preparando-as em vez disso com
antecedência para a tarefa de renovar um mundo comum. (ARENDT, 2013, p. 246-247).
O educador e o processo educacional têm como função de, ao mesmo tempo,
transmitir valores pré-existentes ao indivíduo, mas ao mesmo tempo,
permitir-lhe a função de criação de um futuro ainda inexistente. Na educação
ocorre o conflito entre o antigo e o novo; e ignorar isso seria não perceber o
porquê da origem da recusa das tecnologias na educação.
Muitas vezes, por conta dessa dupla função, e uma falta de aprofundamento
e debate entre os educadores e os gestores, quanto ao uso da tecnológica à
educação, segundo Almeida incorre no seguinte erro:
“Essas profecias tecnológicas simplificadoras esquecem-se de que o que determina
a eficácia do ensino e da aprendizagem é a existência de um Plano Pedagógico
Escolar adequado, rico, consistente, motivador, crítico e inovador.” (ALMEIDA,
2000, p. 11).
Assim, pode-se notar que a educação está diante de mais uma transformação
e deve estar atenta e reflexiva para tal, tornando o campo educacional algo
cada vez mais interessante, e o educando passa a ser parte cada vez mais
integrante e autônoma em seu processo de ensino – aprendizagem, sendo
imprescindível uma inovação nos planos pedagógicos para a democratização do
ensino.
REFERÊNCIAS
ALMEIDA, Fernando José de. JÚNIOR, Fernando Moraes Fonseca. Projetos e
ambientes inovadores. Brasília, DF.: Ministério da Educação, 2000.
ARENDT, Hannah. Entre o passado e o futuro. 7ed. São Paulo, SP.: Editora
Perspectiva, 2013.
LÉVY,
Pierre. As tecnologias da inteligência; o futuro do pensamento na era da
informática. 2ed. São Paulo, SP.: Editora 34, 2011